Sobre o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira

Com seus mais 35.000 ha, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira localiza-se no sul do Estado
de São Paulo, abrange parte dos municípios de Iporanga e Apiaí, limita-se com os municípios de
Guapiara (norte e noroeste) e Itaóca (sudoeste) e tem continuidade territorial com o Parque
Estadual Intervales.

Partindo de São Paulo, seus acessos principais são através das Rodovias SP-280 (passando por
Apiaí) ou BR-116 (Régis Bittencourt), passando por Jacupiranga e Iporanga.

Geomorfologia e Hidrografia

O PETAR encontra-se sobre o flanco sudeste da Serra de Paranapiacaba, com relevo montanhoso e amplitudes topográficas de até 700 m. Esta área constitui a Serrania do Ribeira (IPT, 1981), representando a zona de transição entre o Planalto Atlântico, a noroeste do Parque, com cotas entre 800 e 1.200 m, e a Baixada Costeira, a leste-sudeste com altitudes máximas em torno de 600 m (Karmann e Ferrari, 2002).

Localizado na margem esquerda do médio a alto curso do rio Ribeira, a área do Parque é drenada pelas bacias dos rios Betari, Iporanga e Pilões, os quais têm suas nascentes na borda do Planalto Atlântico (localmente denominado de Planalto de Guapiara), nas cotas entre 900 e 1.100 m, atingindo o Ribeira entre 80 m e 70 m. Pelo fato destas bacias drenarem a Serrania do Ribeira, os rios apresentam vales encaixados e perfis longitudinais de alto a médio gradiente, localmente encachoeirados. O rio Betari é um belo exemplo do comportamento hidráulico das drenagens principais da área: alto gradiente e capacidade erosiva com vales fechados nas rochas não carbonáticas e baixos gradientes com vales alargados e planícies de agradação, quando cruza as superfícies carbonáticas, como por exemplo, o Planalto do Lajeado (Karmann e Ferrari, 2002).

Clima e Vegetação

O PETAR está localizado no trecho sul do Estado de São Paulo, próximo ao litoral de Cananéia e Iguape. Esta posição na fachada sul oriental do Brasil de Sudeste confere-lhe característica climática zonal típica dos climas controlados por massas tropicais e polares (Monteiro, 1973).

Segundo a classificação de Monteiro (1973) a área está situada no clima regional subtropical permanente úmido controlado por massas tropicais e polares marítimas.

Devido à proximidade do oceano e das trajetórias mais comuns e frequentes dos sistemas ciclônicos decorrentes das ondulações da Frente Polar Atlântica essa área está sujeita a impactos pluviométricos elevados.

Este clima permite o desenvolvimento da Floresta Ombrófila Densa, segundo a classificação do IBGE, que apresenta uma fisionomia alta e densa, consequência da variedade de espécies pertencentes a várias formas biológicas e estratos. Seus elementos mais altos podem alcançar de 25 a 30 metros. O grande número de lianas, epífitas, fetos arborescentes e palmeiras dá a esta floresta um caráter tipicamente tropical.

Histórico e Implantação

Evidências arqueológicas identificadas por De Blasis e Robrahn (1998) na bacia do rio Betari, mostram que desde tempos pré-coloniais este vale representa uma rota de comunicação entre a baixada do Ribeira e o Planalto Atlântico. Em tempos históricos, esta rota também foi utilizada pelos primeiros exploradores do vale do Ribeira em busca de recursos minerais no planalto (Karmann e Ferrari, 2002).

O carste do Alto Ribeira começou a ser descoberto pela ciência através de Ricardo Krone, naturalista que no princípio deste século investigou várias cavernas no Alto Ribeira em busca de material paleontológico, arqueológico e informações etnográficas. Seus relatos foram publicados em 1914 pela Comissão Geográfica e Geológica através do volume “Exploração do Rio Ribeira de Iguape” e posteriormente em Krone (1950), onde descreveu a descoberta de 41 cavernas e o achado de ossadas da megafauna pleistocênica, ressaltando a vocação turística e a beleza natural da região. Da expedição de 1908 resultou uma primeira iniciativa de preservar algumas cavernas na atual região do Núcleo Caboclos, com a desapropriação, em 1910, das áreas que envolvem as cavernas Pescaria, Monjolinho, Arataca e Chapéu.

A exploração sistemática e o mapeamento das cavernas foram iniciados por grupos espeleológicos ligados à Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) e técnicos do Instituto Geográfico e Geológico (atual Instituto Geológico da SMA), onde se ressalta a publicação de Guimarães e LeBret (1966), intitulada “Grutas Calcárias – Estudos Espeleológicos no Vale do Alto Ribeira”.

A criação de uma unidade de conservação para proteger as cavernas e a mata, remonta a 1957, quando o engenheiro de minas, José Epitácio Passos Guimarães, do Instituto Geográfico e Geológico, encaminhou proposta de criação de parque estadual na região, concretizada em 1958, por meio do Decreto Estadual nº 32.283, criando a entidade jurídica do Parque Estadual do Alto Ribeira (PEAR), com 35.712 ha.

Com a edição da Lei Estadual nº 5.973, de 23 de novembro de 1960 que re-ratificou sua criação, houve a alteração do nome da UC para Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira – PETAR. Também por esta lei suas terras foram declaradas de conservação perene e inalienáveis.

Em 1963 o Decreto nº 41.626 coloca o PETAR sob responsabilidade do Serviço Florestal do Estado (atual Instituto Florestal do Estado de São Paulo).

No final da década de 1970 e início dos anos 1980 aumenta a preocupação em torno do PETAR e região. Os primeiros trabalhos de manejo ambiental e turístico das cavernas do Parque são dessa época (São Paulo, 1976; Lino, 1976). Por intermédio de uma campanha coordenada pela SBE, realiza-se o 1º Simpósio Paulista de Espeleologia, em 1980, com a participação de diversas entidades civis e públicas (Figueiredo, 2001).

No entanto, apesar de todos esses esforços, a implantação efetiva do Parque só ganha impulso em 1985, com a criação de um Grupo de Técnicos do então CONSEMA, que procederam aos levantamentos fundiários sistemáticos das terras que compõem a UC. A partir daí são implantados os Núcleos Administrativos e as bases de fiscalização. Primeiramente foram implantados os Núcleos Caboclos, Santana e Ouro Grosso e posteriormente o Núcleo Casa de Pedra.

Desde o início de 2007, com a instituição do Sistema Estadual de Florestas – o SIEFLOR, o PETAR é administrado pela Fundação Florestal.

PETAR - Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira





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